Nesta quinta-feira (23 de junho) a Igreja celebra a presença de Jesus Cristo na Eucaristia – Corpus Christi (Corpo de Cristo). É a presença salvífica de Cristo morto e ressuscitado, no meio do seu povo. Ele quis permanecer conosco, de modo especial, no sacramento eucarístico.
HISTÓRIA SOBRE CORPUS CHRISTI
Corpus Christi (expressão latina que significa Corpo de Cristo) é uma festa que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia. É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma festa de 'preceito', isto é, para os católicos é de comparecimento obrigatório participar da Missa neste dia, na forma estabelecida pela Conferência Episcopal do país respectivo. A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cân. 944) que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo." É recomendado que nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (cân. 395).
O Papa Urbano IV foi o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège na Bélgica, que recebeu o segredo das visões da freira agostiniana, Juliana de Mont Cornillon, que exigiam uma festa da Eucaristia no Ano Litúrgico. Por solicitação do Papa Urbano IV, que na época governava a igreja, os objetos milagrosos foram para Orviedo em grande procissão, sendo recebidos solenemente por sua santidade e levados para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corporal Eucarístico. A 11 de agosto de 1264, o Papa lançou de Orviedo para o mundo católico através da bula Transiturus do Mundo o preceito de uma festa com extraordinária solenidade em honra do Corpo do Senhor.
A festa de Corpus Christi foi decretada em 1269. O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, porque o Papa morreu em seguida. Mas se propagou por algumas igrejas, como na diocese de Colônia na Alemanha, onde Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma é encontrada desde 1350. A Eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Jesus disse: ‘Este é o meu corpo…isto é o meu sangue… fazei isto em memória de mim’. Porque a Eucaristia foi celebrada pela 1ª vez na Quinta-Feira Santa, Corpus Christi se celebra sempre numa quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. Neste Sacramento, no momento da Consagração, ocorre a transubstanciação, ou seja, o pão se torna carne e o vinho sangue de Jesus Cristo, em toda Santa Missa, mesmo que esta transformação da matéria não sejá visível.
SOBRE A EUCARISTIA
Da Carta Enciclíca
ECCLESIA DE EUCHARISTIA
Do Sumo Pontífice João Paulo II
A Eucaristia ocupa um lugar central na vida do novo povo messiânico. É esta centralidade que a Encíclica Ecclesia de Eucharistia realça com vigor. Como sacramento por excelência do mistério pascal, nela lê-se: "A Eucaristia... está colocada no centro da vida eclesial" (n. 3); e ainda: "A Eucaristia é o centro e o vértice da vida da Igreja" (n. 31). Isto significa que "a Eucaristia edifica a Igreja e que a Igreja faz a Eucaristia" (n. 26). Não há dúvida de que, hoje, existem muitos sinais positivos de fé e de amor à Eucaristia. Com efeito, sente-se uma participação mais consciente e mais ativa dos fiéis na celebração da Eucaristia, fruto da reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II; um espaço diário cada vez maior, reservado à adoração eucarística; e um crescente número de participantes na procissão eucarística do Corpus Domini (Corpo de Deus) que faz dela, em cada ano, uma emocionante profissão pública de amor a Jesus eucarístico.
A Eucaristia, sacrifício e convite, é o que de mais precioso a Igreja pode ter no seu caminho como peregrina no tempo e na história; é a dádiva mais inestimável, "dom por excelência, porque dom dele mesmo - do Senhor -, da sua Pessoa na humanidade sagrada e também da sua obra de salvação" (n. 11), porque é "fonte e ápice da vida cristã" (Lumen gentium, 11; cf. Ecclesia de Eucharistia, 1).
Com efeito, a Eucaristia é o manancial de todas as graças concedidas por Deus. É verdade que todos os sacramentos, como atos de culto santificadores de Cristo e da Igreja, são fontes inesgotáveis de graça para quantos se aproximam dela com fé. Mas é também verdade que a Eucaristia é a fonte de toda a graça, uma vez que cada graça, na presente economia da salvação, tem sempre uma relação explícita ou implícita com a Eucaristia.
A santa Eucaristia é sem dúvida alguma a fonte de toda a graça, porque nela "está contido todo o bem espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa e Pão vivo que, por sua carne e sob a ação do Espírito Santo, dá vida aos homens" (Presbiterorum ordinis, 5; Ecclesia de Eucharistia, 1), ou seja, Aquele que é o próprio autor da graça; Aquele que é "cheio de amor e de fidelidade" (Jo 1, 14); em síntese, Aquele que é a fonte de graça.
Portanto ainda hoje esta é a Eucaristia celebrada, ao longo dos séculos, nas Igrejas das comunidades cristãs. Como ritualização da última Ceia, ela é essencialmente um banquete de alegria e de ação de graças ao Senhor, pelo dom da libertação da escravidão do pecado. É a própria liturgia que realça com vigor este aspecto fundamental da Eucaristia. O celebrante convida os fiéis para "dar graças ao Senhor, nosso Deus"; "É verdadeiramente bom e justo, nosso dever e fonte de salvação, dar-vos graças sempre e em toda a parte a Vós, ó Senhor, Pai Santo, Deus onipotente e eterno..." (Missal Romano).
Por fim ao celebrarmos o dia do Corpo de Cristo rendemos graças a Deus por manifestar em nosso meio sua graça e misericórdia. Deixando-nos mais próximos do seu amor através da sagrada Eucaristia. Adoremos a Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Seminarista Flávio Miranda, AOR